Caminheiros - dos 18 aos 22 anos
Organização do Clã
- os elementos são denomidados Caminheiros;
- os Caminheiros estão divididos em Tribos de 4 a 8 elementos;
- denomina-se Clã a Unidade formada pelas Tribos de Caminheiros;
- cada Clã tem de duas a cinco Tribos;
- cada Tribo escolhe para Patrono um Santo da Igreja, Benemérito da Humanidade ou Herói Nacional, cuja vida os Caminheiros devem conhecer e tomar como modelo de ação;
- o patrono da IV Secção é São Paulo;
- a cor do lenço dos Caminheiros é o Vermelho; o lenço é vermelho debruado a branco
Senhor Jesus,
Que Vos apresentastes aos homens
Como um caminho vivo,
Irradiando a claridade que vem do alto,
Dignai-Vos ser o meu Guia e Companheiro,
Nos caminhos da vida,
Como um dia o Fostes no caminho de Emaús;
Iluminai-me com o Vosso Espírito,
A fim de saber descobrir
O caminho do Vosso melhor serviço;
E que, alimentado com a Eucaristia,
Verdadeiro Pão de todos os Caminheiros,
Apesar das fadigas e das contradições da jornada,
Eu possa caminhar alegremente convosco,
Em direcção ao Pai e aos irmãos.
Ámen.
Patrono dos Pioneiros: S. Paulo
Paulo de Tarso, o "apóstolo dos gentios" nasceu na cidade de Tarso, entre os anos 15 e 5 a.C. De acordo com os costumes da sua época, tinha como nomes; Saulo para o mundo judeu e Paulo para o mundo Romano, nome que definitivamente adoptaria quando se converteu ao Cristianismo.
Desde jovem tinha sentido a necessidade de se dedicar ao serviço de Deus e por isso se dirigiu a Jerusalém para estudar a religião com os melhores mestres do seu tempo. O interesse pelas coisas de Deus fê-lo esquecer-se da busca de uma esposa.
Os judeus encarregaram-no da difícil tarefa de eliminar das suas comunidades a doutrina cristã. Paulo dirigiu então a repressão contra os seguidores de Cristo, fazendo-o de uma forma muito dura.
Até esse momento Paulo sentia-se bem e dava graças a Deus porque o havia feito um crente responsável e consequente com os seus princípios. Mas cedo descobriu que os seus méritos e seus serviços não eram o que contavam para Deus; a sua fé não era mais do que um fanatismo humano e a sua segurança de crente, um orgulho dissimulado. Paulo viu-se a si mesmo um pecador, violento e rebelde mas ao mesmo tempo compreendeu que Deus acolhe, entende, perdoa.
Desta maneira, Paulo descobriu um novo caminho baseado em Cristo, transformando-se num instrumento de propagação da igreja. Foi um grande proclamador da palavra de Cristo, trabalho que realizou visitando inumeras cidades e comunidades, convertendo-se num animador constante das mesmas, através das suas epístolas.
Paulo foi um homem sólido, intransigente e impetuoso, e ao mesmo tempo, um irmão, um amigo para os seus companheiros.
Foi um gigante, um homem fora de série, e ao mesmo tempo, um homem como nós, que duvida, vacila, busca, sofre, se encoleriza, protesta contra a doença, contra a injustiça, contra a incompreensão. Um resistente, um homem de acção, mas também um homem de reflexão.
Um atleta que se esforça por ganhar a corrida, custe o que custar, e que nos quer arrastar a nós atrás dele. Um homem de fogo, entusiasta, devorado por uma imensa paixão.
É por todas estas razões e não só pelas suas qualidades de santo, ou de seguidor de Cristo, que o consideramos o nosso modelo de Fé.
Paulo foi pioneiro em ideias como a divulgação da mensagem a todo o mundo e não só ao povo eleito. Além disso foi um caminhante inesgotável, que assumiu pessoalmente a tarefa que propôs aos seus irmãos de comunidade.
Num momento da sua vida viu-se confrontado com dois caminhos: o terreno - que lhe pedia que servisse Roma, perseguindo os cristãos - e o espiritual - que lhe oferecia um caminho cheio de obstáculos e dissabores, mas que lhe dava a oportunidade de fazer uma descoberta do seu próprio interior.
Este último, por sua vez, levá-lo-ía à grande experiência de partilhar com diversas comunidades o encontro com a Fé. A sua virtude foi que, a partir da Fé, foi capaz de denunciar e de actuar, isto é, não se ficou pelo discurso, mas foi um exemplo de compromisso e testemunho com a verdade que pregava.
Para os grupos cristãos a figura de São Paulo adquire uma dimensão e um significado especial pelo seu testemunho de fé. A sua grande força provinha da sua fé num Criador, mas também em si mesmo, na sua própria capacidade de realizar uma missão nesta terra. Com humildade, mas com firmeza, defendeu os seus ideais e tomou o caminho dos homens livres que são capazes de entregar a sua vida ao serviço dos outros.
São Paulo foi o escolhido para ser o patrono da IV secção por a sua vida ser um excelente exemplo de "caminho". Facilmente se encontram na sua caminhada de anúncio da boa nova as características do caminheiro ideal. Por ter cedo aprendido uma profissão, a de tecelão de tendas, por querer sair de casa para estudar e ser um fiel seguidor da religião em que acreditava...pela grande encruzilhada da sua vida a caminho de Damasco após a qual, iluminado pelo Espírito Santo, escolheu seguir Cristo e anunciar a Boa Nova. Paulo foi um caminhante inesgotável que assumiu pessoalmente o projecto ao qual se propôs perante os seus irmãos cristãos. A sua grande virtude foi a de anunciar e ao mesmo tempo actuar, o que quer dizer que ele não se deixou ficar pelas palavras, mas foi um exemplo de compromisso e testemunho das palavras que pregava.
Modelos de Vida:
Beata Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Calcutá, Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em 1910 na república da Macedónia, e faleceu a 5 de Setembro de 1997, em Calcutá, na Índia. Madre Teresa, de etnia albanesa, foi missionária e desenvolveu uma admirável obra de apoio aos mais pobres dos pobres, na Índia. Fundou a congregação dos Missionários e das Missionárias da Caridade e foi beatificada pela Igreja em 2003.
Servo de Deus João Paulo II
Karol Wojtyla nasceu em 1920 em Wadowice. Durante a II Guerra Mundial trabalhou numa mina e numa fábrica, e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente a sua formação de seminarista. Durante estes anos teve de viver oculto. Foi ordenado sacerdote em 1946, e veio a doutorar-se em teologia. Mais tarde foi ordenado bispo. Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou activamente. Aos 47 anos, tornou-se cardeal. Em 1978 o cardeal Karol Wojtyla foi eleito Papa.
Santa Teresa Benedita da Cruz
Edith Theresa Hedwing Stein nasceu em 1891 e faleceu em Auschwitz, um campo de concentração nazi, em 1942. Foi professora de filosofia e, apesar de ser de família judia, considerava-se ateia. Estimulada pelo exemplo de S. Teresa de Ávila, Edith Stein veio a abraçar a fé cristã, recebendo o baptismo com 31 anos de idade e ingressando na Ordem Carmelita Descalça com 42 anos. Procurando fugir à perseguição nazi, deslocou-se para a Holanda mas, sem sucesso, pois veio a ser feita prisioneira. Faleceu na câmara de gás.
Santo Inácio de Loyola
S. Inácio de Loyola nasceu em 1491. Depois de uma permanência juvenil no ambiente da corte em Castela e depois de uma juventude inquieta, dedicou-se ao serviço militar onde acabou gravemente ferido. Com tempo para leituras acabou por se converter. Foi a Jerusalém em peregrinação, e veio mais tarde a estudar em Barcelona e Paris. Foi ordenado padre jesuíta em 1538. No imenso património espiritual que deixou, sobressai o livro dos Exercícios Espirituais e o famoso lema da Companhia: ad maiorem Dei gloriam (Para a maior glória de Deus).
Grandes Figuras:
Aristides de Sousa Mendes: Diplomata português que salvou dezenas de milhares de pessoas do holocausto, na segunda guerra mundial.
Mahatma Gandhi: Pensador e fundador do estado moderno indiano, e um influente defensor do princípio da não-agressão.
Martin Luther King: Pastor protestante norte-americano, do século XX, um dos mais importantes líderes do activismo pelos direitos civis e defensor da não-violência e do amor pelo próximo.
Nelson Mandela: ex-presidente da África do Sul, principal representante do movimento anti-apartheid.
Aung San Suu Kyi: Birmanesa, galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1991, activista dos direitos humanos.
Wangari Maathai: Queniana, activista política do meio-ambiente, galardoada com o Prémio Nobel da Paz de 2004.
Mística:
A Mística dos Caminheiros consiste na busca da vida plena em Cristo, o mesmo é dizer, a vida no Homem Novo.
A descoberta dos dons de Deus, com a progressiva aceitação da Aliança que Ele oferece ao Homem, permite encontrar um novo projecto de vida: a construção da Igreja dá Corpo a esse projecto, e a vida vivida com critérios cristãos, assumida com valores cristãos e alimentada em Cristo, exprime a vida desse mesmo Corpo. É esse o resumo do itinerário espiritual proposto pelo conjunto das quatro etapas sequenciais das secções.
Viver em Cristo é a meta de todo o Cristão.
Pelo baptismo, fomos já configurados com Cristo e feitos membros da Igreja mas, enquanto peregrinamos neste mundo terrestre, experimentamos a dialéctica de uma vida no mundo, sem ser do mundo. Isso acarreta dificuldades e exige um esforço de fidelidade ao querer de Deus. A correspondência à vontade divina é um caminho para toda a vida e, o chegar da partida de Caminheiro/Marinheiro representa apenas o assumir consciente e maduro do rumo a seguir. Não significa, por isso, a conclusão do caminho, nem a inércia da meta alcançada.
Resumimos assim a Mística da quarta Secção:
A vida no Homem Novo: o Caminheiro vive cristãmente em todas as dimensões do seu ser.
O Caminheiro/Companheiro é chamado a viver integralmente em Cristo, o “Homem Novo”, assumindo um lugar activo na construção dos “novos céus e da nova terra”.
Com a ênfase colocada na vida cristã, nas diversas dimensões que compõem o ser humano, pretende-se estimular para a incarnação plena do Evangelho de Jesus Cristo, sem hiatos ou áreas excluídas. Tudo o que é próprio do ser humano tem também a ver com o Evangelho e, por isso, toda a vida há-de ser moldada pela Palavra que dá vida e sacia para a eternidade.
É fundamental que a pedagogia da quarta Secção não deixe de dar um contributo novo para a formação dos jovens Caminheiros e Companheiros, pois estes estão ainda num processo educativo, apesar de possuírem já autonomia em diferentes áreas. Da qualidade da pedagogia proposta nesta etapa, depende o bom sucesso de todo o itinerário escutista. No final deste percurso é que poderemos perceber qual a mais valia que o escutismo oferece à sociedade e à Igreja.
"Homens, sede Homens"
Paulo VI
A mística dos caminheiros baseia-se no seu ideal que são o “Homem Novo” e o projecto das “Bem-aventuranças”; É inspirado neste projecto das “Bem-aventuranças” que se traduz a proposta de valores do “Homem Novo”.
- O Homem Novo respeita a vida em todas as suas formas e manifestações.
- O Homem Novo respeita e cuida do seu corpo.
- O Homem Novo vive a vocação do amor como um dar-se mutuamente e partilhar uma mesma caminhada.
- O Homem Novo filho de um mesmo pai, Deus, e assim todos os Homens são seus irmãos.
- O Homem Novo sabe que os Homens se salvam em comunhão: a fraternidade, a solidariedade e a partilha são os caminhos da salvação.
- O Homem Novo participa no desenvolvimento do mundo, na construção da Justiça e da Paz.
- O Homem Novo coloca-se ao lado dos pobres, dos desprotegidos, dos marginalizados, das vítimas da violência e da injustiça.
- O Homem Novo é livre e responsável, arriscando esses valores na busca de novos caminhos e soluções de futuro.
- O Homem Novo está atento às conquistas da ciência e da técnica, vendo nelas apenas instrumentos que têm de dominar e utilizar com discernimento.
- O Homem Novo vive o despojamento como exigência de liberdade e como um testemunho de caridade.
- O Homem Novo prefere a liberdade de criar do que a escravidão de consumir.
- O Homem Novo vive a vida como uma constante opção norteada da sua fé.
- O Homem Novo é enfim, um Homem comprometido com estes valores, empenhando-os na sua vivência e em todos os momentos da sua vida.
De forma a reforçar a Mística da Secção, o itinerário do caminheiro vive-se em torno de quatro dimensões que adquirem um valor simbólico: Caminho, Comunidade, Serviço e Partida. É um itinerário de progressão pessoal, de tomada de consciência das possibilidades de evolução, de pensamento, que se lhes oferece na vida em Clã e na vida de cada dia. No final deste itinerário, o caminheiro está a franquear as portas da vida adulta, livre e responsável, prestes a tomar a vida nas suas mãos.
Este itinerário tem assim quatro vertentes: é individual, mas também comunitário, está virado para o serviço aos outros e para o desafio do desconhecido. Essas quatro vertentes estão presentes nas quatro dimensões em que o caminheiro vai crescendo:
O percurso individual – o Caminho
Nos caminheiros, o jovem é desafiado a escolher um itinerário de descoberta e de acção que o leve a tornar-se construtor de um Mundo Novo. O Caminho significa, então, a abertura, a largueza de vistas, o apelo do horizonte, a capacidade de aceitar a mudança, de viver na própria mudança. É, também, um espaço de vida despojada, de rejeição do supérfluo, de atenção ao essencial. Por fim, é um lugar de perseverança, de experiência de uma lenta e paciente construção de si mesmo, de aprendizagem da capacidade de se comprometer para além do imediato. Graças a isto, este Caminho dos caminheiros é, tal como o dos Peregrinos, testemunho de vida cristã.
Ser caminheiro é ser mais (superar-se a si mesmo)… É ser Peregrino: no Caminho de Emaús, Cristo Ressuscitado revelou-se aos seus discípulos, caminhando com eles lado a lado…
O percurso em grupo – a Comunidade
Durante o Caminho, o jovem é interpelado a avançar lado a lado com o outro. O Caminho ajuda-o, assim, a desenvolver a sua capacidade de acolher o outro, de o ajudar a avançar, de se deixar ajudar, de partilhar com ele as alegrias e tristezas da jornada. A Tribo é o espaço privilegiado para esta relação, já que é nela que se vive o início da comunhão que se potencia depois na vivência em Clã.
Ser caminheiro é ser com (participar na Caminhada com os outros)… É ser Discípulo: no Caminho de Emaús, Cristo foi reconhecido pela fracção do pão…
Um percurso com sentido: o Serviço
É o apelo das Bem-Aventuranças que dá sentido ao caminho conjunto, que se torna assim experiência de comunidade, de partilha, de amor e de construção da paz. Contudo, segundo este apelo, a comunidade não pode viver eternamente virada sobre si mesma. Viver o Serviço é um compromisso de cada instante que o caminheiro expressa ao longo do seu itinerário. Este Serviço é algo natural que não implica forçosamente um acto físico ou um dom material, na medida em que pode assumir-se como um suporte moral, um intercâmbio ou outras coisas ainda. Para além disto é gratuito, embora enriqueça quem o presta: o Serviço é uma dinâmica de descoberta, vivida numa relação de amor fraterno, de “receber, dando-se em troca”. Neste sentido, ‘Servir’ é tornar-se apto para a missão. Esta vivência do Serviço deve ser experimentada individualmente, em Tribo e em Clã, devendo ser convertida em acções de longo termo que denotem uma vontade de compromisso e não surjam apenas como “mini-serviços” rápidos e sem continuidade.
Ser caminheiro é ser para (tornar-se apto para a Missão)… É ser Testemunho: no Caminho de Emaús, Cristo serviu os seus discípulos ao explicar-lhes as Escrituras…
Um percurso para a vida: a Partida
O caminheiro tem de avançar progressivamente para a sua Partida, que exprime simbolicamente que o acto de caminhar é mais importante do que o acto de chegar. É por isso que, no final do seu tempo de caminheiro, quando sai do Clã, o jovem não chega ao fim do seu caminho, mas parte para um novo caminho. De facto, o fim de uma etapa significa sempre o início de outra e a Partida é o momento de o caminheiro se lançar no caminho da vida e é também um ‘Envio’ (só pode haver Partida se houver quem envie).
Ser caminheiro é amar… É ser Enviado: no caminho de Emaús, Cristo, “partiu”... E eles reconheceram-n’O vivo e ressuscitado.
Simbologia:
Vara Bifurcada
- Símbolo da necessidade de fazer ou renovar as suas opções, sinal de que o Caminheiro se compromete a aderir ao projecto das Bem-aventuranças.
Mochila
- Onde transporta apenas o essencial para a jornada.
- Simboliza o seu desprendimento e a sua determinação de ir sempre mais além.
Tenda
- Sinal da mobilidade e da sua rapidez de se pôr em marcha.
- Na Bíblia a tenda é um sinal da presença de Deus no meio do seu povo.
Pão
- Transportado na mochila, alimenta o corpo, dado em partilha e comunhão.
Evangelho
- O pão do Espírito, anúncio da Boa Nova de Cristo.
Fogo
- Sinal da descida do Espírito Santo.
- É o fogo que ilumina e aquece o peregrino durante a sua caminhada.